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Fábrica de celulose e seus palacetes

Em 1888 a família anglo-sueca Bergvist fundou a empresa “The Caima Timber Estate & Wood Pulp Company, Limited”. No ano seguinte a empresa adquire a quinta do Carvalhal, localizada nas margens do rio Caima. O objectivo inicial era instalar aí uma fábrica de fiação de tecidos e outra de moagem de madeira para o fabrico de pasta de papel. As instalações da fábrica de celulose seriam abertas pelo engenheiro químico Erik Daniel Bergvist, edificando assim a primeira fábrica de produção de pasta química em Portugal. A “Fábrica do Caima”, como era popularmente conhecida, viria a tornar-se na mais importante produtora de pasta de papel do nosso país, sendo durante dezenas de anos a maior fonte de rendimento de centenas de famílias da região, quer como entidade empregadora, quer como compradora de matéria-prima. No dia 19 de Abril de 1922 a empresa, sociedade por quotas, reduz o seu nome para “Caima Pulp Company, Limited”. Depois de implementarem a plantação de eucaliptos, iniciaram em 1925 a comercialização da pasta dessa matéria-prima, que, substituindo pouco a pouco o pinheiro, transformar-se-ia na fábrica de pasta de papel de eucalipto mais antiga da Europa. Em meados do séc. XX a multinacional anglo-americana Hibstock Jhonson Breaks compra cerca de 500 acções na bolsa de Londres, adquirindo assim a Caima Pulp Company, Limited. Na década de 1960 construiu-se uma segunda fábrica, em Constância, tornando-se pioneira, a nível mundial, no processo de branqueamento de pasta de papel sem cloro (TCF – Totally Chlorine Free). Por escritura lavrada a 29 de Junho de 1973, a empresa adapta a sua designação para Companhia de Celulose do Caima, S.A.R.L. e, em 1981, abre o respectivo capital à subscrição pública. No dia 9 de Julho de 1993 a fábrica do Carvalhal, ainda pertencente à multinacional Hibstock Jhonson, deixa de laborar, atirando para o desemprego cerca de 200 operários. A crise internacional (descida do preço da pasta celulósica e diminuição drástica do preço da madeira), a poluição do rio Caima, o atraso na instalação de equipamentos de depuração dos efluentes e a administração do uso de transportes, foram algumas das razões apontadas para o seu desmantelamento. Toda a actividade da empresa ficaria concentrada na fábrica de Constância Sul. Em 1994, as antigas instalações são adquiridas pela papeleira REFICEL – Sociedade e Recuperação de Fibras Celulósicas. No entanto, o arranque da actividade industrial da REFICEL só aconteceria 5 anos mais tarde. Em 1998 o Grupo Cofina adquire uma participação minoritária no capital da Companhia de Celulose do Caima, S.A.. Em Dezembro de 2000, na sequência de uma oferta pública de aquisição (OPA) a Cofina passa a deter uma posição de controlo da empresa, garantindo a grande maioria do capital social. Em 1999, a REFICEL receberia finalmente o financiamento para o projecto industrial associado à compra da fábrica do Carvalhal, no entanto, a sociedade acabaria por falir pouco tempo depois. Após falência da REFICEL, em 2001, as instalações passam para mãos dos respectivos bancos credores (Comissão de Credores da REFICEL), encontrando-se até hoje desativadas. No início de 2002 dá-se um processo de reestruturação do Grupo Caima, nesta altura composto por três fábricas de pasta de papel e uma fábrica de papel. A “Companhia de Celulose do Caima, S.A.” é convertida em sociedade gestora de participações sociais (“Celulose do Caima, S.G.P.S., S.A.”) e é constituída a “Caima – Industria de Celulose, S.A.”, para a qual foram transferidos todos os activos e passivos afectos à actividade operacional de fabrico e comercialização de pasta de papel. Em 2005 dá-se um projecto de separação de negócios do grupo COFINA, criando a ALTRI, S.G.P.S., S.A. para integrar os activos industriais, nomeadamente a Caima, na produção de pasta de papel e exploração florestal de produção de energia a partir de recursos renováveis. Em 2008, a ALTRI já detinha a totalidade do capital social da Celulose do Caima.

 

Nas imediações deste complexo fabril, foram erigidas três habitações para os antigos donos ingleses da fábrica. Uma encontra-se murada e à venda, as outras duas encontram-se abandonadas e prontas para ser exploradas.

Bem perto fica a outra casa, menos faustosa, tanto interior como exteriormente, mas que também vale a pena visitar.

 decadentes

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